Conheceram-se por acaso, como tantas vezes acontece. Um olhar trocado, pensava ele. Nem reparou nele, disse-lhe ela depois. E riam-se quando falavam sobre isso. Os primeiros anos foram de harmonia. De felicidade. De amor. Os primeiros anos foram tudo o que ele nunca teve. Que nunca sentiu. Afinal, ele conseguia amar alguém, como todos os outros. Afinal, era normal, pensou muitas vezes, quando ela adormecia com a cabeça deitada no seu ombro. Os amigos de longa data diziam que nunca o tinham visto assim, apaixonado, tranquilo, feliz. E ficaram felizes por ele. O amor é uma arma poderosa, quando une duas pessoas que têm tudo a ver uma com a outra. Mas a vida, bem, a vida também é uma arma poderosa, principalmente, quando começa lentamente a consumir esse amor. O dia-a-dia desgasta qualquer um, mesmo quando nada de especial acontece. Agora, imaginem problemas a sucederem-se a uma velocidade que não permite a nenhum ser humano sequer levantar-se, para depois voltar a cair. A vida é assim, uma montanha russa, ora estamos lá em cima, ora de pernas para o ar, indefesos e à mercê de qualquer infortúnio. E o amor vai-se cansando, morrendo lentamente. O casal por vezes nem dá conta. Pensa que é uma fase, que amanhã as coisas vão melhorar. E quase sempre, se as pessoas não desistirem do amor, ele acaba por voltar a ser uma arma poderosa e a dar cabo daqueles pequenos contratempos do dia-a-dia. Mas o ser humano é apressado, não tem paciência para o amor. Esquece-se que é a maior força que conhecemos e isso é o maior erro que todos fazemos. Porque se o amor deixar de ser a arma mais poderosa, bem, o que é que andamos cá a fazer? É que o amor vence tudo. Aliás, quase tudo. Às vezes, só não vence a nossa incapacidade de continuar a acreditar nele. E isso faz toda a diferença…