Benfica, Sporting e FC Porto emprestam 116 milhões de euros em jogadores

FC Porto, Benfica e Sporting têm em conjunto 90 jogadores emprestados, espalhados um pouco por todo o mundo. Um número assustador que representa, no total, um investimento de 116,25 milhões de euros. Um valor aproximado, até porque há casos de contratações em que os montantes envolvidos não foram revelados.

Numa altura em que os três principais clubes nacionais têm equipa B, o elevado número de futebolistas excedentários representa outro plantel. Ainda assim, é bom referir que a esmagadora maioria dos casos não acarretam encargos com ordenados, que são suportados pelos clubes que recebem esses jogadores. Além disso, FC Porto, Benfica e Sporting cobram taxa de empréstimo desses atletas, sobretudo quando os acordos são com clubes estrangeiros.

Neste lote de emprestados há três categorias de jogadores que convém distinguir. O maior peso vai para as contratações que não renderam o que era esperado e que procuram outras paragens para relançarem as carreiras, por forma a que a entidade patronal possa ter expectativas de recuperar os elevados investimentos realizados.

Há ainda um patamar de jovens contratados a relativo baixo custo numa perspetiva de futuro e que estão a rodar para poderem evoluir e, eventualmente, regressarem para integrar os planteis principais. Finalmente, há outro lote de jogadores da formação, que procuram consolidar a última etapa de crescimento para voltarem à casa-mãe.

O maior peso está no Dragão

O clube que mais jogadores tem sob contrato é o FC Porto. São no total 38 futebolistas, dos quais dez são oriundos da formação, que representam um total de investimento de 49,15 milhões de euros.

Curiosamente, 50% deste valor foi destinado à contratação de apenas quatro jogadores: Bruno Martins Indi (7,7 milhões de euros), Diego Reyes (sete), Walter (seis) e Hernâni (quatro). Se a recuperação de todo ou de parte do investimento parece ser viável nos dois primeiros casos, por serem titulares no Stoke City e Espanyol, respetivamente, já os outros casos são mais complicados.

O brasileiro Walter, contratado pelos dragões em 2010, já tem 27 anos, e tem andado a saltar por vários clubes brasileiros, que não são financeiramente muito fortes. No Goiás, o avançado tem sido titular, mas apenas marcou três golos em 19 jogos no Brasileirão. Por sua vez, Hernâni, após uma época intermitente no Olympiacos, regressou ao V. Guimarães, onde terá de recuperar os níveis que levaram o FC Porto a contratá-lo em janeiro de 2015.

O jogador que mais se tem destacado neste início de época é o maliano Marega, que na segunda metade da época passada desiludiu de dragão ao peito, mas agora é o melhor marcador da Liga ao serviço do V. Guimarães, falando-se já na possibilidade de regressar ao FC Porto em janeiro. Em bom nível está o camaronês Aboubakar, titular nos turcos do Besiktas, com dois golos marcados na Liga dos Campeões, pelo que existe a possibilidade de a SAD portista realizar um bom encaixe, a acrescentar aos 2,5 milhões de euros do empréstimo. No entanto, os dragões só têm 30% do passe.

Ola John e Djuricic em estado crítico

Já o Benfica tem 27 jogadores a rodar noutros clubes, o que representa um total de investimento de 48,85 milhões de euros. Contudo, a SAD encarnada tem entre mãos dois casos que podem ser considerados críticos, pois as contratações representaram um investimento de 15 milhões de euros: Ola John (Wolverhampton) e Filip Djuricic (Sampdoria). São problemas críticos porque se trata de dois jogadores que pouco ou nada têm jogado nos clubes onde estão.

O holandês Ola John já está no terceiro empréstimo e apenas fez três jogos nesta época no clube do segundo escalão inglês, o que, a manter-se, poderá significar uma insustentável desvalorização de um jogador contratado em 2012 por nove milhões de euros. Em igual situação está o sérvio Djuricic, que tem apenas 19 minutos cumpridos na Série A italiana, sendo a Sampdoria já o quarto clube onde o Benfica o colocou, não tendo sido feliz nas passagens por Mainz, Southampton e Anderlecht.

A boa notícia para os encarnados é o facto de Bryan Cristante, por quem foram pagos seis milhões de euros em 2014, jogar assiduamente no Pescara, o que pode fazer que outro emblema italiano, financeiramente mais forte, possa vir a interessar-se pelo médio de 21 anos e assim minorar os “estragos”. Em melhor situação está Anderson Talisca, que está a brilhar no Besiktas, pelo qual já marcou quatro golos, um deles na Luz no jogo da Champions. A possibilidade de recuperar os quatro milhões de euros investidos em 2014 é, por isso, viável, apesar da lesão sofrida pelo brasileiro que o vai manter inativo durante três meses.

Os encarnados têm ainda sete jogadores da formação emprestados, encontrando-se três deles em Inglaterra com rendimento interessante: Hildeberto Pereira, João Teixeira e Hélder Costa.

Leões mais desafogados

A folha de empréstimos menos pesada é a do Sporting, pois, apesar de ter 25 jogadores nestas condições, estes representam apenas um investimento de 18,25 milhões de euros.

Os casos de Teo Gutiérrez e Hernán Barcos, que juntos custaram 5,5 milhões de euros, apresentam-se como as situações mais complicadas, pois ambos têm mais de 30 anos e encontram-se na Argentina, onde não se têm destacado até ao momento, o que complica a recuperação do investimento pela SAD do Sporting.

Outro argentino, o lateral Jonathan Silva, tem apenas 22 anos e é uma das peças importantes do Boca Juniores, pelo que a recuperação dos 2,6 milhões de euros se apresenta como bastante viável, ao contrário, até ver, do escocês Ryan Gauld, porque quem os leões pagaram 2,5 milhões de euros, mas que no V. Setúbal tem passado muito tempo no banco.

O Sporting é, dos principais clubes portugueses, o que tem mais jogadores da formação emprestados. São 12, dos quais se destaca Carlos Mané, que foi para o Estugarda, da II liga alemã, depois de três épocas completas na equipa principal dos leões.

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