6 razões para o Benfica ser campeão

Começo por dizer que o Benfica deveria estar a festejar, pela primeira vez na sua história, o tetracampeonato, caso não se tivessem cometido erros grosseiros nos dois títulos perdidos para o FC Porto. Posto isto, é claro que todos os benfiquistas estão satisfeitos com a conquista do bicampeonato, algo que não acontecia desde o tempo em que ainda usava fraldas. Para mim, houve 6 fatores que permitiram ao Benfica acabar a liga em primeiro lugar:

  1. Estabilidade

O que se vê no Benfica nos últimos anos foi o que aconteceu ao FC Porto durante muitos anos. A estrutura é a mesma, há vários jogadores com muitos anos de casa, como Luisão, Maxi, Salvio, Gaitán, o treinador está perfeitamente identificado com o clube e vice-versa e, quando as coisas correm mal, não se têm tomado decisões precipitadas que poderiam deitar por terra todo o bom trabalho que tem sido desenvolvido.

  1. Jesus

Depois de dois títulos muito mal perdidos para o FC Porto, nos quais teve responsabilidade devido a erros de gestão de plantel, pouca humildade e com a mania que sabia tudo, etc, Jesus provou este ano que aprendeu com os erros. O Benfica foi mais pragmático, não atacava sempre à maluca como se a sua vida dependesse disso, a equipa demonstrou solidez mesmo quando as exibições ficavam aquém das expetativas e não se desmoronou quando perdeu pontos de vantagem para o FC Porto. O mérito nisto tudo é de Jesus, que com um plantel curto e com desequilíbrios, conseguiu sempre apresentar um onze forte, com identidade, e os novos jogadores foram sempre evoluindo, como Samaris e Pizzi.

  1. Jonas

Saiu melhor do que a encomenda. Jonas chegou tarde ao Benfica, perdendo a pré-época e dele não se sabia muito, apesar de ter passado por clubes importantes no Brasil e de ter estado no Valência. Com as saídas de Rodrigo e Cardozo, e com um Lima claramente furos abaixo na primeira metade da época, se não fossem os golos de Talisca, o início da temporada poderia ter sido muito diferente. E o fim da mesma também. Mas devagarinho Jonas foi demonstrando toda a sua classe e rapidamente maravilhou os adeptos com as suas exibições e golos. Parece-me óbvio que ninguém da estrutura do Benfica esperaria um rendimento tão alto do avançado brasileiro, mas ainda bem que assim foi, porque se Jonas não tem tido um impacto tão forte, e com o apagão de Talisca, o ataque do Benfica seria pouco só com Lima a marcar golos.

  1. Lopetegui

O FC Porto adotou esta temporada a mesma estratégia que o Benfica no primeiro ano de Jesus, ou seja, ter um plantel fortíssimo e caro, para ser campeão a todo o custo. Mas a diferença é que Lopetegui não conhece o futebol português como Jesus já conhecia quando chegou ao Benfica e isso fez toda a diferença. É que o espanhol andou a inventar muito no primeiro terço da temporada, com uma excessiva rotação de jogadores, perdendo pontos importantes em jogos fáceis que viriam a fazer a diferença nas contas finais do título. Com um plantel com tantos jogadores novos e treinador novo, o FC Porto até fez uma boa temporada e, se mantiver a estrutura e aprender com os erros, parte claramente como favorito para o próximo ano, isto se Jesus sair do Benfica.

 

  1. Colinho

Chamar-lhe colinho é algo exagerado, porque há sempre erros de arbitragem que beneficiam os grandes, mas num campeonato em que as duas equipas mais fortes perderam poucos pontos, erros dos árbitros ganham um peso maior. E foi isso que aconteceu esta temporada, com o Benfica a ser beneficiado em alguns jogos, o que serviu logo para criar o mito do colinho. E nem vou falar dos anos em que o FC Porto foi beneficiado de forma clara e sistemática, porque isso não era colinho, mas sim super-colinho.

  1. Adeus Europa

A melhor coisa que aconteceu, do ponto de vista desportivo e não financeiro, foi o último lugar no grupo da Liga dos Campeões. Este plantel não aguentaria jogar 3 em 3 dias, caso tivesse continuado nas competições europeias. Até José Mourinho reconheceu que o Chelsea também beneficiou disso mesmo, por ter sido eliminado pelo PSG na Champions. E já no ano do título com Trapattoni, a eliminação frente ao CSKA de Moscovo (que viria a derrotar o Sporting na final da Taça UEFA) deu uma ajuda importante na conquista desse campeonato.

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