António Cruz Serra, reitor da Universidade de Lisboa, afirma em entrevista ao Económico e Antena 1, que quer fazer requalificação de licenciados para a área digital, gostava de ter mais cursos de Engenharia Informática para responder às enormes necessidades do país e da Europa, mas esbarra nas regras rígidas de contratação de professores e nas restrições orçamentais. Entende que é preciso “atrair mais gente” para o ensino superior. Louva a iniciativa de trazer alunos refugiados para as universidades portuguesas mas com cuidado. E está confortável com o número de vagas existentes em Medicina.
“A empregabilidade dos nossos licenciados é muitíssimo superior à daqueles que não são licenciados. A Universidade de Lisboa e outras universidades estão, obviamente, preocupadas com a empregabilidade e, em muitos sítios, faz-se um trabalho de promoção dos nossos jovens e dos graduados junto das empresas, fazendo feiras de empregabilidade, etc. Há, naturalmente, cursos com menos empregabilidade mas também não podemos impedir que continuem a funcionar. Acho é que as famílias e os jovens devem ser informados sobre a empregabilidade dos cursos e sobre as consequências das escolhas que fazem. Uma importante medida, que está no Programa de Governo, mas que gostava de ver trabalhada, era a capacidade de montarmos iniciativas de requalificação de alguns dos nossos licenciados nessas áreas com menos empregabilidade, nomeadamente para terem competências na área do digital. É muito fácil dar competências em informática, não é em Engenharia Informática, que é outra coisa.
Venham os alunos de onde vierem, seja de Humanidades ou não, são competências ao nível da utilização. Há uma enorme apetência no mercado. Reuni-me há pouco tempo com o director da Microsoft em Portugal e a preocupação dele era com a falta de engenheiros informáticos. Nesta área há cerca de cinco mil lugares a menos. Mas a situação na Europa é catastrófica porque, nas palavras dele, faltarão 500 mil engenheiros informáticos a nível europeu. É uma grande oportunidade.”