Filho de pais portugueses, Marc nasceu no Canadá mas viveu em Portugal dos 9 aos 22 anos. E foi em Aveiro, terra da infância, que desenvolveu desde muito cedo o gosto pelo futebol.
Marc começou por baixo, como tantos outros, mais virado para os escalões de formação numa fase inicial. Dois anos bastariam para conseguir uma experiência mais a sério, por assim dizer.
Em 2009 assumiu o cargo de adjunto dos Impact Montréal e o título conquistado essa época na USL, um dos campeonatos norte-americanos, abriu-lhe outras portas.
No ano seguinte assumiu o comando técnico da equipa principal e começou a construir um modelo sustentado, inspirando-se em casos muito específicos.
«Tenho ideias muito vincadas. Identifico-me muito com o tipo de treino de Mourinho e com a forma de jogar de Simeone, por tirar o máximo dos jogadores dele, sempre na luta com os rivais apesar de terem um orçamento mais baixo. No lado humano identifico-me com o Carlo Ancelotti, pela forma como trata os jogadores», apontou.
Mesmo assente num projeto estável nos Impact Montréal, Marc decidiu deixar a equipa canadiana para embarcar num projeto totalmente distinto.
No Brasil abraçou um desafio nos escalões de formação do Palmeiras, coincidindo na mesma altura com Luiz Felipe Scolari, embora só fizesse uns trabalhos de observação para a equipa principal.
Na época de estreia sagrou-se campeão nacional de iniciados e na seguinte envolveu-se no projeto do Desportivo Brasil, tendo como desafio construir uma equipa competitiva para a Copa de São Paulo.
Deixou o país do futebol no ano seguinte e regressou ao Canadá. Em mãos tinha uma missão quase impossível: fazer uma equipa para os Ottawa Fury praticamente do zero.
Num espaço de dois anos conseguiu levar a equipa canadiana à final da NASL, onde perdeu frente ao New York Cosmos. Para além de dizer adeus ao título, Marc despediu-se também de Raúl González, estrela do futebol espanhol e mundial que pendurou as botas após esse jogo.
Os feitos pela equipa de Ottawa não passaram despercebidos ao mundo da MLS, a principal competição. Sem hesitar, Marc deixou novamente outro projeto estável e assumiu o leme da equipa secundária do Sporting Kansas City (Swope Rangers), adjuvado pelo ex-Benfica Nikola Popovic.
Foi ao serviço do emblema do Kansas que bateu um recorde onde o dois é a chave: foi o único treinador a levar duas equipas a duas finais de duas competições diferentes (NASL e USL) e em dois anos consecutivos.
Outro salto. «Ligaram-me de San Francisco a dizer que queriam construir uma equipa de raiz, os Deltas. É a terceira que construo do zero. Hoje considero-me um ‘manager’, faço um pouco de tudo. Tenho um limite salarial e de extracomunitários mas uma ideia de jogo muito definida, pelo que não vou atrás de 25 jogadores e depois decido como quero jogar, é o contrário», frisou. Marc assume-se como um treinador de desafios extremos e ambicioso, porém despreocupado com o futuro.
Marc admitiu que tem alguns jogadores lusos referenciados para o San Francisco Deltas, onde traça como objetivo «qualificar a equipa para o playoff logo no primeiro ano» e fazer com que «as pessoas sintam orgulho em ter um clube de futebol na cidade». A pré-época no NASL arranca a 30 de janeiro e Marc dos Santos procura fazer outro milagre do outro lado do Atlântico.