Filho de João Soares com ordenado chorudo na CM Lisboa

 

Entre os novos assessores da vereadora da Educação da Câmara de Lisboa, Catarina Albergaria, há um que é licenciado em História e, embora não tenha currículo partidário conhecido, é filho e neto de dirigentes socialistas. Mário Barroso Soares, que desempenha também as funções profissionais de secretário de uma pequena sociedade de advogados desde Janeiro do ano passado, é neto de Mário Soares e filho de João Soares, atual ministro da Cultura e antigo presidente da Câmara de Lisboa.

No currículo que o próprio possui na rede social LinkedIn, Mário Barroso Soares escreve que se iniciou profissionalmente na Câmara da Amadora, onde foi assistente administrativo entre 2005 e 2009. Desde então trabalhou por curtos períodos em vários locais e em funções ligadas à área de secretariado, além de ter sido “assistente de produção” durante “menos de um ano” numa produtora de vídeo francesa.

No mesmo currículo, o novo avençado indica que está na Câmara de Lisboa desde Dezembro de 2015, embora no seu contrato, celebrado a 27 de Janeiro, se leia que ele “vigorará desde a sua assinatura, cessando, obrigatoriamente, com o término do mandato da vereadora ou/e até ao limite determinado pelo Código dos Contratos Públicos”. De acordo com o documento — publicado no Portal Base e divulgado pelo site Má Despesa Pública, mantido por cidadãos empenhados na causa da transparência administrativa —, Mário Barroso Soares prestará à vereadora da Educação “serviços de assessoria em produção de eventos e gestão cultural”.

O contrato revela ainda que no seu primeiro mês de vigência, este prestador de serviços receberá 4200 euros, em vez dos 2800 mensais a que terá direito. A justificação deste bónus, que contempla também um dos outros seis contratados, reside no “acumulado de processos que requererá a execução do dobro de horas nesse mês”. O documento, porém, não estabelece qualquer número de horas semanais, ou mensais, de trabalho a que Mário Barroso Soares esteja obrigado.

As explicações da câmara
Contactada pelo PÚBLICO para explicar a natureza da “especial aptidão técnica e intelectual, bem como experiência profissional”, deste avençado, a Câmara de Lisboa respondeu que “quer a área de formação, licenciatura e mestrado em História, quer a experiência profissional, ao nível da produção de eventos e gestão cultural, para entidades como o Centro Ciência Viva da Amadora, empresas de produção audiovisual em Portugal e França, a Fundação Calouste Gulbenkian em Paris e a Cinemateca Brasileira, justificam plenamente a opção da vereadora”.

Comentar

Comentários