O Facebook mudou as nossas vidas. Mais concretamente as vidas de mil milhões de pessoas, que é o número de utilizadores da rede social criada por Mark Zuckerberg e que existe desde 2004. Mudou a forma como dizemos ao mundo o que estamos a pensar e como interagimos com o sexo oposto. Deu-nos a possibilidade de recuperar fotos antigas ridículas e mostrá-las a todos os nossos amigos, sem que ninguém nos estivesse a apontar uma arma à cabeça nesse momento de pouca lucidez.
O Facebook é um fenómeno e, como tal, tem sido alvo de muitos estudos. Há um que diz que é mais viciante do que sexo ou cigarros. Não sei quem é que foi questionado para este efeito, mas não troco um cigarro a seguir a dez segundos de sexo (mais do que isso, para mim, já é uma maratona sexual) por nada deste mundo. Outro estudo diz que os portugueses passam mais tempo online do que a ver televisão. Este claramente foi realizado ainda a SIC não tinha na sua grelha a Gabriela, porque agora só ouço pessoas a falar da novela… a não ser que vejam as mamocas da Juliana Paes, ao mesmo tempo que estão no Farmville a plantar nabos, tomates ou cenouras que nunca vão comer.
A conclusão mais recente a ser divulgada foi a que o português é a terceira língua mais falada no Facebook, atrás da espanhola e da inglesa. Estima-se que sejam 58 milhões aqueles que utilizam a língua de Camões, sendo que se o homem ainda fosse vivo, certamente andava doente com os erros ortográficos e pontapés na gramática que diariamente se encontram na rede social. Aliás, até parece que cada pessoa tem o seu próprio e muito pessoal acordo ortográfico.
Como disse no início, o Facebook mudou as nossas vidas. Hoje, faz-se um jantar de aniversário e cria-se um evento, convidando toda a gente. Hoje, acabam-se com namoros e casamentos por causa de conversas impróprias no chat do Facebook, as quais ficam arquivadas só mesmo para lixar os mais distraídos. Hoje, criam-se perfis falsos e vive-se uma vida que não se tem. Hoje, todos são felizes, basta ler o que é publicado. Hoje, facilmente se recupera o contacto com a ex-namorada que nos despedaçou o coração no secundário e a qual agora está gorda, desempregada e vive no sótão da casa dos pais. Hoje, os futebolistas já têm com o que se entreter nos estágios (além da playstation, claro), metendo-se com tudo o que mexe pelo Facebook. Hoje, já podemos ver fotos de miúdas descascadas sem grande esforço, as quais acham mesmo que se se expuserem na rede social, que a vida delas vai mudar para sempre e que vão chover propostas de trabalho. Hoje, se uma mulher gira faz like a uma foto de um homem, este fica logo entusiasmado a pensar que vai ter sorte, quando uma coisa não está ligada à outra.
Mas hoje, ainda há pessoas que conseguem não ter um perfil no Facebook e certamente que são felizes, mesmo que não o digam a toda gente. Certamente que têm vida, mesmo que não coloquem fotos de todas as coisas que fazem. Certamente que têm conversas impróprias com quem não devem, mesmo que não sejam apanhadas. E certamente que dão erros ortográficos capazes de ressuscitar Camões. Às vezes gostava de ser como essas pessoas, mas não sou. E vocês, conseguiam viver sem Facebook?