Vou falar de homens. Não de um em particular, mas de todos. Dos que conheço e não conheço. Porque todos eles têm uma coisa em comum e isso é o facto de serem machistas. Sim, todos os homens, heterossexuais, claro, são machistas, só que alguns conseguem disfarçar.
Diria que o machismo não é defeito, é feitio. Está enraizado há muitos séculos nas relações entre os dois sexos. É claro que as coisas agora funcionam melhor, ou seja, o nível de machismo de cada homem é, em geral, inferior ao que acontecia antigamente, isto se, exceptuarmos o que se passa nos países muçulmanos, nos quais as mulheres ainda são tratadas abaixo de cão e onde o machismo se mistura com estupidez e fanatismo.
Somos todos machistas em pequenas coisas e nem damos conta disso, o que faz com que depois achemos que não somos e juramos a pés juntos, se for preciso, que vemos a mulher como um ser igual a nós. Comentários como “uma mulher não pode perceber tanto de futebol como um homem” ou “é mais fácil e natural para elas cozinhar e engomar e tratar da casa do que para nós” são frases que saem com facilidade e regularidade da boca de cada um. Mas há mais exemplos. Ainda hoje há profissões que estão quase vedadas a elas, porque nós achamos que as mulheres não têm o que é preciso para tal. Muito sofreu a Demi Moore, no filme G.I. Jane, entre tantos homens que só lhe queriam dificultar a vida.
Podia continuar a dar mais exemplos, mas vou-me cingir a mais duas situações. Os homens sorriem com escárnio e desdém se uma mulher lhes disser que sabe jogar Pro Evolution Soccer. Como se fosse humanamente possível para elas conseguirem controlar os botões do comando, fazer jogadas com princípio meio e fim e marcar golos de levantar um tipo do sofá. As mulheres nem sabem o que é um fora-de-jogo, pensam quase todos. Mas para mim o exemplo mais gritante de machismo é o seguinte, o qual vou colocar em forma de conversa entre dois amigos solteiros, os quais estão a partilhar um com o outro as suas aventuras com o sexo oposto:
– Então pá, andas enrolado com alguém? Pergunta o Zé ao Tiago.
– Nem te conto, pá. É uma maluca!
– Maluca? Pergunta o Zé.
– Sim, pá, só quer é sexo. Por ela, era todos os dias.
Perceberam onde quis chegar com este diálogo? Não? Então eu explico: só os homens para falarem assim das mulheres. Para nós, é óbvio que se uma mulher quer ter sexo muitas vezes é porque é uma maluca que gosta de sexo, porque toda a gente sabe que para a maioria das mulheres o sexo é uma tarefa doméstica, como engomar, cozinhar e limpar. É puro machismo pensar que homens e mulheres encaram o sexo de forma diferente, mas nós pensamos isso. Aliás, só os homens é que pelos vistos têm direito a gostar de sexo, por isso, quando nos cruzamos com uma mulher que também gosta, ficamos surpreendidos e sentimos necessidade de contar a alguém. Basicamente, e a partir do momento em que saem debaixo da asa da mãe, os homens só querem encontrar uma mulher que, tal como estavam habituados no passado, lhes trate da roupa e cozinhe para eles, com o bónus de que estas… podem levar para a cama!