A notícia apanhou todos desprevenidos: o mítico Jamaica vai fechar. E não é daqui a uns anos, não, é já nos próximos tempos. E ao ler esta notícia lembrei-me da noite em que fui lá com uns amigos, noite essa que ficou marcada pela presença na discoteca de Joana Amaral Dias, muito antes de ser mãe e de se ter despido para a revista da Cristina Ferreira.
Feias, gordas, magras, giras. Morenas ou louras. Baixas ou altas. Esteticistas ou médicas. No Jamaica as mulheres são todas tratadas da mesma forma. No Jamaica são todas abordadas pelos predadores que semana após semana voltam a este espaço porque sabem que a boa música e o ambiente acolhedor e apertado dá um carisma especial e único ao local.
E foi num sábado igual a tantos outros que Joana Amaral Dias também esteve no Jamaica com uma amiga para dançar e divertir-se, ela que durante alguns anos foi de longe a deputada mais gira da Assembleia da República. Mas Joana Amaral Dias é mais do que isso. Segundo a wikipédia, é também “licenciada em psicologia pela Universidade de Coimbra, onde obteve o grau de mestre em psicologia clínica do desenvolvimento. Participa semanalmente no programa Direto ao Assunto e regularmente no programa de debates Vice-Versa, ambos do canal de informação RTPN, além de assinar uma coluna no Correio da Manhã. Aos domingos, na revista Vidas, pertencente ao mesmo jornal, escreve sobre cinema”.
Mas nesse sábado, no Jamaica, Joana era apenas uma mulher rodeada de homens. Perdi-lhes a conta. Claro que Joana é gira e vistosa, mas no Jamaica isso nem é o mais importante. Basta ser mulher. Porque no Jamaica todas as mulheres são iguais. Feias, gordas, magras, giras. Morenas ou louras. Baixas ou altas. Esteticistas ou médicas. São todas tratadas da mesma forma, todas alvo de cobiça por parte dos homens. Como aconteceu com um tipo a quem estive atento. Primeiro tentou a sua sorte com a antiga militante do Bloco de Esquerda, mas depois de muita conversa de bandido (a não ser que estivesse a falar de política com a Joana Amaral Dias, o que duvido muito) decidiu investir noutro lugar. E esse lugar não era assim tão longe dali. Bastou virar o radar mais à esquerda onde estava uma jovem sozinha a dançar.
Quando dei conta as línguas entrelaçavam-se como tantas e tantas vezes acontece no Jamaica. Minutos depois, o tipo em causa volta a tentar a sua sorte com a Joana Amaral Dias, deixando a sua recente conquista outra vez entregue à música e de um lado para o outro à procura do príncipe encantado que tinha acabado de conhecer. Ao lado deste tipo, muitos outros rodeavam a antiga deputada, fazendo um círculo completo à volta dela e da amiga com quem estava.
E nesta altura dei por mim a pensar: estes gajos estão todos ali porque ela é gira e jeitosa, ou estão ali porque querem ter uma história para contar de como um dia no Jamaica tentaram a sua sorte com a Joana Amaral Dias? Não cheguei a nenhuma resposta e fui-me embora pouco depois, com a certeza que, enquanto mulher, a Joana saiu do Jamaica com o ego lá bem em cima. E eu enquanto homem sai do Jamaica com vergonha de ser homem. Fazemos cada figura na noite que nem nos damos conta.
Se fosse mulher, nunca iria ao Jamaica, por muito boa que fosse a música. Se o meu objetivo fosse dançar e divertir-me ia para outro lado qualquer. Para o Viking, por exemplo, que fica do outro lado da rua. Porque no Jamaica nenhum homem acredita que uma mulher possa ir lá só para se divertir. Nada disso. Se uma mulher vai ao Jamaica sem companhia masculina, é porque quer sair de lá com companhia masculina. E ainda assim as mulheres vão ao Jamaica. Só pode ser por causa da qualidade da música…
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