Sábado. Longa fila para entrar no Jamaica. O normal, portanto. Lá dentro não havia espaço para mais ninguém, mas continuavam a entrar pessoas. Homens e mulheres de diferentes idades dançavam ao som de Red Hot Chili Peppers, Franz Ferdinand, Beck, etc.
Quase todos de copo na mão e cigarro na outra. Para trás, tinha ficado mais uma semana de trabalho ou de desemprego, de frustrações ou promoções, de quezílias ou de alegrias. Seja qual fosse a motivação, todos bebiam, fumavam e dançavam. Lá no meio, observava tudo e todos. Sou assim, gosto de olhar, de ver com atenção. Vi miúdas completamente alcoolizadas a meterem-se com todos, sem grande critério, homens sozinhos a tentarem ter companhia quando chegasse a hora de sair, grupos de mulheres que só queriam dançar, mas rodeadas de predadores que só olhavam, como se pretendessem hipnotizá-las. Disto tudo, fiquei a pensar nos homens que saem sozinhos, algo que as mulheres não fazem. Quem me chamou mais a atenção foi um tipo alto, a usar fato e com um corte de cabelo pouco próprio para a idade, e que devia estar a bater nos 40 anos. O que o terá levado ali, sozinho, num sábado à noite? Recém-separado e com amigos todos comprometidos e com rédea curta? Sem amigos? Um lobo solitário por opção? Não cheguei a nenhuma conclusão, a não ser que não seria capaz do mesmo, mas se calhar, para aquele tipo, a noite é de facto a sua melhor amiga.
Comentar
Comentários